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- Escrito por Ricardo de Paula Meneghelli
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Categoria: Artigos
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Marcos 16:15-16 E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.
O texto acima diz que “quem crer e for batizado será salvo”. Desse modo, vemos que a proclamação do evangelho, acima de tudo, requer fé da parte daquele que ouve. O conceito de “fé”, porém, está cercado de entendimentos superficiais e errôneos que não expressam o verdadeiro significado da fé bíblica, ou seja, a fé que Jesus esperava de seus seguidores.
Algumas pessoas associam “fé em Jesus” com “acreditar que ele existiu”, “concordar com o que ele disse”, ou ainda “aceitar como verdadeiros os fatos a respeito de Jesus”. Porém, esses são ingredientes mínimos da fé, que não expressam a natureza da fé esperada para a salvação.
Outras pessoas, insatisfeitas com esses conceitos superficiais, vão para o extremo oposto e fazem da fé algo tão complicado e teologicamente sofisticado que seria praticamente impossível alguém crer com a fé que elas propõem.
Basicamente, a fé é a atitude positiva de uma pessoa em resposta à palavra de Deus. Mas em que consiste essa fé? O que ela faz? O que a bíblia diz sobre fé? Como surge a fé?
Veja o que o autor da carta aos Hebreus fala sobre o tema:
Hebreus 11:1 Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.
Logo no início desse capítulo, que é dedicado inteiramente à fé, encontramos uma breve definição de fé: a fé é a certeza de algo e a prova de algo.
A palavra aqui traduzida por “certeza”, no texto grego é ‘uπόστασις/hypostasis, formada pela junção de upo (sob) e stasis (ficar), “ficar embaixo”, trazendo assim o conceito de fundamento, base, essência ou substância sobre a qual algo é constituído.
A palavra “prova”, por sua vez, é ἔλεγχος/elenchos, que significa evidência, verificação, pela qual algo é provado ou testado.
Poderíamos, então, dizer que a fé é a base (ou fundamento) para experimentarmos (provarmos) as coisas invisíveis que esperamos
Assim, é por meio da fé que as coisas espirituais se tornam substancialmente reais para nós em nossa experiência prática.
Podemos avançar um pouco mais e descobrir qual natureza da fé. Na bíblia, a palavra “fé” é a tradução de πίστις/pistis, termo grego que caracteriza a disposição interior de uma pessoa confiar em outra (fé), e também a virtude de alguém em quem se pode confiar (fidelidade). O termo combina os dois conceitos, de maneira que, quando aplicado a Deus, envolve tanto confiar nele como ser fiel a ele.
A fé gera um comprometimento daquele que crê, com a vontade de Deus, pela fidelidade. Quanto maior a fé, maior o comprometimento em fidelidade.
Era exatamente esse tipo de fé que havia em Abraão – chamado o pai da fé – e em todos os outros exemplos citados no restante do capítulo 11 de Hebreus. Eles não só confiaram em Deus, mas também foram fiéis a Deus, sendo que alguns deles morreram por causa de sua fé.
Observe também que, mesmo após apresentar todos esses grandes exemplos de fé, o autor de Hebreus não nos convoca a fixar nossa atenção sobre eles, ou em sua experiência. Ele cita estas pessoas como exemplos a serem considerados e imediatamente foca a atenção sobre o Único que pode produzir a verdadeira fé. Ele nos convoca a olhar firmemente para Jesus, o autor e consumador da nossa fé.
Hebreus 12:1-2 Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus.